Falar sobre algo que importa muito é complicadíssimo. E é assim que me sinto sobre o querido seriado Skins. Chegando ao final de sua jornada, o último episódio oficial da série foi ao ar há poucas horas. No próximo ano talvez haja três episódios especiais, mas... De fato, a série se encerra. E é bom eu me acostumar com essa ideia.
Fui apresentada a Skins há pouco mais de três anos, quando eu ainda não sabia muito bem o que era refletir sobre os adolescentes. Sobre o jovem. Os verdadeiros jovens adolescentes, não aqueles estampados em séries problemáticas como Malhação, Gossip Girl ou One Three Hill. Dessa forma, Skins me era muito estranha a princípio: não precisava de limites. Havia drogas, sexo, bebidas, fumo. Qualquer merda para todo o lado em qualquer direção. Nada de tabus como nas serieszinhas de família estadunidenses. Então eu fiquei assustada... O que isso quer dizer? O que isso irá me mostrar? Então o tempo foi passando e vi que Skins era muito, muito, mas muito mais do que drogas e sexo para toda e qualquer direção. Skins era reflexão, Skins era contemplação da vida humana, Skins era único.
E então os anos foram passando... E eu entendia cada vez mais o que era Skins. Skins virou um conceito, um modo de pensar sobre o humano de uma das formas mais belas: a partir do jovem e de suas agonias existenciais.
O apuro técnico da produção de Skins era louvável: a fotografia que normalmente possuía cores fracas, cinzentas e refletiam a tristeza dos personagens... Ou muitas tantas outras vezes em que o sol brilhou assim como a felicidade dura brotava. Skins não era uma série televisiva qualquer, nela havia aspectos cinematográficos invejáveis. Não preciso nem falar da trilha sonora, que de tão precisa mais parecia um personagem caminhando ao lado de todos os outros.
A amizade, a família, o amor, o conflito dentro de si. Skins nunca reduziu tudo isso ao sentimentalismo barato. O seriado jogava problemas, o sofrimento chegava e muitas vezes nunca ia embora. É bem verdade que as últimas temporadas sofreram com situações um tanto incoerentes, roteiros muitas vezes fracos e soluções pedestres, porém Skins ainda possuía o diferencial da contemplação.
A dificuldade financeira de manter o seriado no ar é compreensível. O desgaste criativo dos roteiros das últimas temporadas são inegáveis. A hora de cancelar a série, me entristece admitir, foi a correta. Contudo, os erros dos últimos tempos não obscurecem os acertos do passado e todo esse legado que Skins construiu. Ela deixará muitas saudades.
Não acho que o que falei simboliza tão bem o que sinto, mas espero ter deixado claro o quanto amei essa série.
Dedico este post a todos os amigos que me acompanharam assistindo a esse seriado. Seja conversando um pouquinho sobre cada personagem, sobre cada situação, música, frase, cena... Ou mesmo só sabendo que a outra pessoa também podia assistir a essa bela produção. Foi muito bom compartilhar essa série com vocês. Espero que também tenham tido a oportunidade de construir coisas maravilhosas dentro de si.
Fuck it for Chris...